Como posso auxiliar meu filho em escolha profissional?

Como posso auxiliar meu filho em escolha profissional?
Como posso auxiliar meu filho em escolha profissional?

Com raras exceções, o primeiro contato em busca de um processo de orientação profissional é feito pelos pais do adolescente que será atendido. Na maior parte das vezes, é a mãe quem me procura, mas, não raro, esse primeiro contato é feito pelos pais. Quase sempre com a mesma fala: “Boa tarde, meu nome é Fulano de Tal, e me passaram seu contato. Você faz teste vocacional?”. Normalmente, esse telefonema termina com um convite meu para uma conversa para que eu possa escutar o que esta família busca e explicar sobre o processo de orientação. Preparei este artigo com o objetivo de esclarecer aos pais como eles podem ajudar nesse momento de escolha dos filhos. Aqui, divido dicas que podem ser aplicadas de forma simples no cotidiano da família para que, juntos e em harmonia, possam passar por essa etapa tão importante na vida. Te convido para leitura!

 

O comportamento dos pais e a orientação profissional do adolescente

Em vinte anos trabalhando com orientação profissional, pude observar diferentes formas de participação dos pais na escolha profissional de seus filhos. Existem aqueles que eu só vejo na primeira e na última sessão, aqueles que me buscam durante o processo para obter meu parecer sobre o processo de seu filho, aqueles que no meio do processo me perguntam que profissões seu filho cogita e até mesmo aqueles que se pudessem, participariam de todas as sessões.

Antes de continuar com este texto, preciso esclarecer que em todas as situações citadas acima, os atendimentos com os adolescentes devem estar em conformidade com as exigências do Código de Ética Profissional do Psicólogo publicado pelo Conselho Federal de Psicologia. Portanto, para iniciar o atendimento, é necessário haver autorização de um dos responsáveis pelo adolescente. Uma vez iniciado, o conteúdo do atendimento é sigiloso e é combinado com os pais como e quando o meu parecer sobre o atendimento será partilhado com eles.

Em toda literatura científica sobre orientação profissional, os pais são listados entre os personagens mais importantes no processo de escolha profissional de adolescentes. Junto com os pais, são frequentemente citados os amigos, os professores e a escola. Com toda esta importância, nem sempre a forma como os pais participam da escolha de seus filhos produz bons resultados. Não tenho dúvida de que a intenção de ajudar esteja sempre presente, mas infelizmente a forma escolhida para prestar esta ajuda nem sempre é eficiente. Por isso, separei aqui algumas dicas para que você possa buscar a melhor forma de ajudar seu filho na escolha profissional dele.

 

Valores de família e as profissões

A primeira delas é que precisamos lembrar é que, como toda instituição, a família é regida por um conjunto de regras, representações e de valores que regulam a vida de seus membros. É por meio  destas regras, representações e valores que a família apresentará o mundo para seus filhos. Dentre estas representações a respeito do mundo também estão as representações acerca das profissões. Ou seja, mesmo sem perceber, ensinamos aos nossos filhos quais são as profissões que mais valem a pena e quais são aquelas que não merecem a nossa atenção. Junto com isso, também ensinamos quais são os critérios que devem ser usados para escolher quais profissões seguir no futuro.

Por isso, minha sugestão é que você busque perceber quais são as representações e os valores que você e sua família partilham sobre as diferentes profissões. Você pode fazer isso percebendo quais são as profissões que vocês mais mencionam. Quando esta profissão aparece na conversa da família, qual valoração é feita? Existem profissões que são melhor avaliadas? E quais são aquelas que não são bem avaliadas?

 

Os projetos dos pais para os filhos

A segunda dica é que precisamos lembrar que os pais fazem projetos para seus filhos. Naturalmente, mesmo durante a gestação já começam as especulações: “será que ele vai gostar de…?”, “nós seremos companheiros de…”, “faço questão que ele estude na mesma escola que eu”, “farei força para que estude no exterior”, “nunca vou permitir que more longe de mim!!”. Claro que estes são apenas exemplos, você pode se identificar com alguns e não com outros. Meu convite é que você pare um pouco para pensar quais são os projetos que você já fez ou faz para seu filho. De preferência, anote em algum lugar para usar depois.

Esta etapa é muito importante, pois esses projetos, por melhores ou mais inocentes que sejam, costumam ser expressos em expectativas que criamos e que podem ou não serem compatíveis com o que seu filho desenha como projeto para ele mesmo. Neste caso, vale você se perguntar: quais expectativas tenho em relação ao meu filho? Quais as expectativas de meu filho sobre seu próprio futuro? Minhas expectativas são compatíveis com a dele?.

Agora, você pode estar rebatendo : “não tenho expectativas! Quero que ele seja feliz e pronto!”. Veja só, querer que seu filho seja feliz já é uma expectativa! Não se incomode, é perfeitamente normal termos expectativas referentes àquelas pessoas que amamos e queremos bem. Portanto, não há mal nenhum em você ter algumas ou muitas expectativas com relação a seu filho. A questão aqui não é não ter expectativas, mas aprender a lidar com as expectativas que você tem de forma que elas não sejam uma fonte de opressão para seu filho.

Em um estudo publicado em 2005 são apontadas três posturas dos pais diante da escolha profissional de seus filhos. A primeira postura é dar liberdade para a escolha, recusando-se a envolver-se no processo, aumentando o sentimento de dúvida e a confusão típicas do processo de escolha profissional. A segunda postura é expressar claramente a opinião de qual a escolha que deveria ser feita pelo adolescente, ferindo seu sentimento de independência e fortalecendo a dependência do adolescente. A terceira postura é apoiar a escolha feita pelo filho, gerando um sentimento de confiança na escolha e de fortalecimento da autoestima do adolescente.

 

Roteiro para baixar: Como posso auxiliar meu filho em escolha profissional?
Roteiro para baixar: Como posso auxiliar meu filho em escolha profissional?

Apoio e respeito pelas escolhas do filho

Isso nos leva à terceira dica: apoie a escolha feita pelo seu filho. Apoiar não significa concordar, mas respeitar a escolha e deixar claro o apoio para que ele siga pelo caminho desejado . Este apoio também pode ser  durante o processo de escolha, ajudando o adolescente a encontrar informações que fundamentem sua escolha, questionando (não criticando) os critérios que estão sendo usados por ele para escolher e partilhando sua própria experiência em escolher sua profissão.

Para esse apoio, preparei um roteiro com questões que podem levá-los, juntos, à reflexões  importantes. Para acessar, clique aqui.

O conteúdo compartilhado aqui fez sentido para você? Foi útil? Coloque em prática na rotina de vocês e compartilhe com outras famílias que estejam passando pelo mesmo momento. Para mais dicas e informações sobre orientação profissional, carreira e autoconhecimento, acesse meu canal do youtube.

 

 


1 SANTOS, Larissa Medeiros Marinho dos. O papel da família e dos pares na escolha profissional. Psicol. estud.,  Maringá ,  v. 10, n. 1, p. 57-66,  Apr.  2005 .   Acessível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-73722005000100008&lng=en&nrm=iso>. Acessado em  14  Apr.  2019.

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